Artifícios do ego

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O ego é como um programa repleto de características que se expressam através do que conhecemos como personalidade. Todos nós temos personalidade, portanto, todos nós temos ego.

Compreender como a sua personalidade funciona, é compreender o seu ego, para então educá-lo, de forma a utilizá-lo favoravelmente em sua jornada pessoal.

O quanto você acredita que se conhece? Você já iniciou o processo de entender o seu ego? Quando iniciamos o processo de autoconhecimento, passamos a vivenciar a famosa frase de Sócrates, “só sei que nada sei”, pois há muito o que descobrir; há muito o que aprender sobre nós mesmos.

Vejamos a seguir alguns dos artifícios do ego, ou da personalidade, se expressando no dia a dia através de nós, muitas vezes de forma inconsciente.

Ao iniciar a leitura abaixo, analise primeiro a si e à sua postura antes de associar as sentenças com as pessoas do seu convívio. Antes de pensar em julgar o outro, faça a si mesmo a pergunta: será que sou eu  que ajo assim?

O ego arrogante.
Acredita que já é maduro o suficiente em determinado(s) assunto(s) e que não tem mais nada que aprender a respeito. Uma de suas tendências é dizer o que o outro precisa fazer. Suas frases usuais: “Eu já sei de tudo isso”, ou, “sabe o que você deveria fazer…”.

O ego que acusa.
Tende a “apontar o dedo” para os defeitos alheios, enquanto que os próprios defeitos ele preserva, justificando-os como patrimônio de valor, conquistados ao longo de uma vida sofrida. Preservar suas tendências desagradáveis é entregar-se à inércia, ao invés de lapidar-se para ser uma pessoa melhor. Ao invés de apontar os defeitos dos outros como crítica, a chave é parar e começar a olhar para as tendências desagradáveis que carrega dentro de si e modificá-las.

O ego inflado.
A famosa expressão “inflar o ego” refere-se a mostrar aos outros o quão certo e esperto ele é. Quando o ego está em destaque, ele sente-se admirado, invejado. Para ele, esta é uma posição mais confortável do que sentir-se desprezado, ou colocado de lado. Sentir-se importante, para ele, é melhor do que sentir-se desprezado.

O ego impaciente.
Quer satisfazer seus desejos o mais rápido possível. Sente ansiedade, taquicardia, até mesmo irritabilidade, especialmente se aquilo que ele deseja não se concretizar no tempo que lhe for favorável. Alimenta o imediatismo e, quando as coisas não saem como esperado, tende a responsabilizar alguém ao invés de assumir a responsabilidade pelos próprios sentimentos de frustração, rebeldia e arrependimento.

O ego que não existe.
Estudar a própria personalidade é um grande desafio para muitas pessoas. Elas procrastinam. Evitam perceber que a causa de suas dores está em si mesmas. Na verdade, é um artifício do próprio ego em desviar a atenção de si, adiando o autoconhecimento como se este não fosse tão importante assim em relação a outras atividades. A chave é estabelecer prioridades, sendo a principal delas o autoconhecimento e a auto-observação.

O ego materialista e consumista.
Conscientes de como o ego funciona e de suas tendências materialistas e consumistas, a indústria comercial tem ganhado rios de dinheiro estimulando e provocando o ego dos indivíduos, criando continuamente desejos e mais desejos de coisas supérfluas. O argumento das empresas é “Precisamos despertar necessidades nos clientes” ou “devemos ser competitivos”. Ou seja, as áreas comerciais e de marketing das empresas de nossa sociedade consumista são forçadas a alimentar o ego dos potenciais clientes. E esses egos todos se deixam seduzir, pois muitos desconhecem tais mecanismos, enquanto outros pouco se importam se estão sendo enganados ou não, desde que continuem a viver suas fantasias.
Desconhecer os desejos e os quereres materiais que alimentam a vaidade do ego é desconhecer a si mesmo.

O ego quer ser aceito.
Por isso cria para si um personagem para se mostrar na sociedade e nos grupos ao qual pertence, enquanto que mostra uma face diferente em seu lar, ou com as pessoas mais íntimas. O ego quer pertencer, quer sentir-se aceito. Adapta a sua fala, usa gírias, veste-se com a tendência do momento, quer passar uma imagem de sucesso diante daqueles com quem sente afinidade. Quer garantir a admiração das pessoas e que elas irão querer estar junto dele, porque ali ele sente-se aprovado. No fim, é uma batalha velada contra a rejeição, moldando-se à sociedade, ao invés de integrar-se a ela.

O ego que se justifica.
Justifica suas ações para não sentir-se culpado, pois a culpa traria rejeição, e o ego quer ser aceito. Por vezes, procura apontar culpados, mostrando-se inocente e livre de qualquer culpa, ao invés de reconhecer que ele também pode estar errado.

O ego que reclama.
Seu discurso: “o mundo não está bom. O ego das pessoas é que está inflado. A política não agrada. O trabalho não agrada. A família não agrada. As pessoas não entendem. A ignorância das pessoas incomoda. A falta de espiritualidade nas pessoas incomoda. O excesso de espiritualidade das pessoas incomoda”.
Na verdade, nem ele próprio se suporta, pois só sabe reclamar.

O ego ultraespiritualizado.
Nesta visão do ego, as pessoas não são evoluídas o suficiente para compreenderem o que está por trás de todas as coisas materiais, ou senão não estão aptas a uma conversa civilizada, sobre a evolução do mundo e do universo, devido à ignorância em que se encontram. Na verdade, argumentos semelhantes a este mostram um senso de superioridade ou de grandeza que desmerece a trajetória de vida e as escolhas das outras pessoas. Ou ainda que desconhece ou não leva em consideração que há pessoas de altas hierarquias espirituais que estão neste mundo para ensinar a humildade, e não precisam mostrar o quão iluminadas, intelectualizadas e evoluídas são.

O ego fortaleza.
Por vezes, quer mostrar-se forte, mesmo estando frágil, e tende a se machucar ainda mais, pois também não aceita ajuda e não a pede. O desafio é refletir sobre as causas da sua dor e aceitar que há coisas que não podem ser mudadas. Aceitar as situações conforme se apresentam e buscar ajuda pode ser o grande aprendizado que o levará à cura. Deve compreender como mudar a si mesmo e a sua postura diante do mundo, para entrar em harmonia com ele.

O ego recluso.
Nesta visão, os outros estão errados ou possuem opiniões equivocadas. Ao invés de ampliar sua compreensão de mundo através do ponto de vista das outras pessoas, prefere isolar-se em suas próprias teorias e regras que lhe beneficiem. Sente-se invadido em sua forma de viver e, sem perceber, afasta as pessoas, pois não desenvolve empatia. Limita, assim, suas experiências apenas ao que pesquisa, lê e elabora em sua mente como filosofia de vida. Cria um mundo próprio, mental, para viver e sobreviver. Alimenta sua ilusão continuamente e deixa de socializar e de aprender com outros pontos de vista.

O ego solitário.
Imerge em um mundo de tristeza, de rejeição e de solidão, justamente por não conseguir se “encaixar”. Por vezes, acredita não pertencer a este mundo e rejeita a experiência terrena, desejando retornar à sua origem espiritual.
A cura está no esclarecimento espiritual quanto às razões para a vida existir, e na aceitação da sua existência como uma grande oportunidade de aprendizado e transformação pessoal.

O ego magoado.
Quando dizem ou fazem algo que não corresponde às expectativas que criou para aquela pessoa, o ego sente-se magoado ou fragilizado. O ego espera ser amado, aceito, lembrado, curtido, aprovado, admirado, levado em consideração. Se nada disso acontece, cria para si a ilusão de rejeição e sente-se ferido.

O ego ressentido.
Acredita que a ofensa não possui reparação que se equipare ao nível da dor provocada. É, na verdade, mais um artifício do ego para mostrar-se vítima e apontar um culpado. Diminuindo a importância do outro, ele se sente melhor, pois sobressai, inocentando-se. Porém, permanece continuamente guardando a lembrança e revivendo o sentimento, cultivando uma ferida que nunca cicatriza.

O ego que falta com a verdade.
Em determinados contextos, o ego é capaz de mentir para obter a vantagem necessária. Trata-se de uma forma de alimentar uma imagem de superioridade e autopreservação. Se a verdade inicial pode não ser a opção mais agradável, a mentira, quando descoberta, pode desagradar ainda mais.

O ego que se justifica.
Sente que precisa sempre esclarecer aos outros as razões que o levaram a tomar suas decisões. Justificar seus atos, mesmo sendo desgastante, o permite ficar mais paz com o ego dos outros, a fim de não magoá-los, pois não quer correr o risco de não ser bem compreendido e criar desentendimentos desnecessários. Tende, às vezes, até a contar pequenas mentirinhas (inventar uma história), para evitar ficar mal com os outros. É uma forma do ego inocentar-se ou sentir-se menos culpado.

O ego interrogativo.
Afim de sentir-se validado ou apoiado, toda opinião que dá é acompanhada de uma pergunta tal: “você não concorda?”, ou então, “não é verdade?”. E, intimidado pela interrogação, o interlocutor pode acabar concordando apenas para não criar um clima tenso ou de discussão, mas sem concordar de fato.

O ego apegado.
Não aceita facilmente as mudanças conforme se apresentam. Tem imensa dificuldade de lidar com situações diferentes das quais já estava acostumado, como as alterações em sua rotina. Tem dificuldade de aceitar a partida das pessoas e de liberar as mágoas que criou e guardou para si. O apego acaba se estendendo, portanto, para situações e lembranças. Requer grande cuidado para não alimentar em si uma ferida sentimental que possa demorar a curar, pelo fato de ficar continuamente sendo revivida nas lembranças.

O ego manipulador.
Quer levar alguma vantagem. Tende a mandar, controlar, manipular, ou até mentir, ao passo que não aceita ser dirigido, manipulado, controlado. Mas, se acreditar que está levando vantagem em uma situação, aceita inconscientemente ser controlado.

O ego que evita olhar a dor do passado.
Varre a dor para debaixo do tapete do inconsciente. É uma forma de guardar mágoas e ressentimentos. Com essa atitude, sem perceber, a pessoa torna-se dura, amarga, transparecendo essa aspereza no dia a dia, através de atos e palavras. Expressa, na verdade, as vibrações da dor que ela ainda não conseguiu superar. Tende, inconscientemente, a provocar a mesma dor nas pessoas, como forma de se sentir reconfortada. Quando alguém se aproxima oferecendo apoio, sente-se agredida, ferida. E, como mecanismo automático de defesa, fere primeiro, pois assim acaba afastando um possível mal.

O ego que tende a se vitimizar.
Quando está triste, talvez porque não teve suas expectativas correspondidas, o ego tende a se vitimizar e a ver os problemas como muito maiores do que verdadeiramente são. Por vezes, precisa de ajuda de outras pessoas para compreender que nem tudo está perdido, mas que depende dele mesmo se reerguer e se fortalecer, encontrando novos caminhos, compreendendo a realidade dos fatos, ao invés de viver na ilusão.

O ego que sofre e não consegue aprender com a dor.
Muitos aprendizados podem ser obtidos em cada situação dolorosa. Mas, neste caso, o ego acaba evitando olhar para aquilo que causa dor, ou ainda insistindo em caminhos que lhe provocam sofrimento, em razão de uma possível dificuldade como lidar com o medo e a insegurança, para mudar de direção e fazer escolhas melhores. Simplesmente tende a desistir ou a se vitimizar, acreditando que não é merecedor da felicidade e que seu carma é a dor e o sofrimento.

Na realidade, a chave está em refletir sobre as escolhas que fez no passado, aprender com elas e desenvolver em si os potenciais para lidar com as mesmas circunstâncias de forma branda, tranquila, serena e sábia. Com a mente serena e com força de vontade, poderá fazer novas escolhas, superando os medos e bloqueios autoimpostos, a fim de corajosamente tomar as rédeas da própria vida e promover as mudanças necessárias.

Carma é aprendizado. Submeter-se a uma situação desagradável e dolorosa continuará sendo uma escolha. Sempre podemos mudar de direção e fazer escolhas melhores. Depende de um pouco de coragem para enfrentar os desafios de frente e, sobretudo, força de vontade e ação.

O ego agressivo, impaciente e contestador.
Tem dificuldade em aceitar opiniões diferentes das suas. Quando contrariado, veladamente sente-se desaprovado, rejeitado. Gosta de provocar, de contestar e de pressionar o interlocutor, não se importando com o desconforto que sua postura provocará no outro, mas muitas vezes sentindo prazer com isso. Assim, sente-se fortalecido, superior, enquanto inferioriza o interlocutor. No fundo, o ego quer ser compreendido e aceito tal como ele é, sem correr o risco de se ferir.

O ego com medo de estar errado.
Tem medo de olhar a partir do ponto de vista do outro, sob o risco perceber que está equivocado naquilo que acredita e na forma como conduz a vida. Prefere fechar os olhos para aquilo que poderia desconstruir suas verdades.

O ego quer ser amado antes de se amar.
Espera que os outros correspondam suas expectativas e lhe encham de amor, pois ainda não aprendeu a ser autossuficiente em amor a ponto de não precisar da aprovação do outro para sentir-se feliz e completo.

Esses são apenas alguns artifícios do ego para evitar sofrer, pois, no fundo, ele quer ser respeitado e aceito. O desafio para o ego é compreender seus exageros e o ponto de equilíbrio em cada situação.

O nosso papel nesta vida é transformar a nós mesmos para melhor. Transformando-nos, automaticamente transformaremos o mundo, através do exemplo. Quanto tempo você tem dedicado ao autoconhecimento e aprimoramento pessoal?

Uma ferramenta fantástica para conhecer a si mesmo, à sua personalidade e, portanto, o seu ego, é o curso de Eneagrama das Personalidades, que nos revela 9 tipos de personalidades existentes e possibilita nos identificarmos com uma delas, a fim de nos compreendermos e melhorarmos nossa postura. Pesquise mais a respeito e permita-se. Garanto que irá se surpreender.

E, assim, cientes da nossa responsabilidade perante nós mesmos, sigamos em frente em nosso processo de autoconhecimento, para que saiamos desta vida muito melhores do que o instante em que a ela ingressamos.

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Namastê!
Fernando Vidya

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Fernando Vidya

Terapias Complementares para equilíbrio do corpo, da mente e do espírito.

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