Por vezes, como trabalhadores da Luz, estamos entusiasmados com o aprofundamento espiritual e tendemos a incentivar outras pessoas a buscar o conhecimento, a se aprofundar, a querer conhecer mais e apreciar tudo isso. Assim como para nós todo esse processo é revelador, queremos que para o outro também seja.
Ocorre que, nem sempre os outros estarão prontos ou abertos a conhecer a Verdade que se encontra por trás de uma grossa parede de tijolos.
A insistência em fazê-los perceber que existe um lindo vale atrás dessa grossa parede pode ser desgastante tanto para quem quer convencer quanto para a própria pessoa que não quer ser convencida.
Insistir seria como utilizar uma furadeira para abrir um buraco na grossa parede. A perfuração pode ser dolorosa demais, desgastante e absolutamente desnecessária, tanto para quem tem a furadeira na mão quanto para a pessoa que é dona da parede.
Essa é a conhecida parede de crenças. As paredes tendem a ser muito fortes, resistentes, por vezes inabaláveis. O intuito da parede é proteger quem está dentro e impedir essa pessoa de sentir medo, de ter alguma desilusão, de ter qualquer tipo de sofrimento.
Porém, o dono da parede possui enroscada na própria mão a chave de uma porta que dá acesso ao outro lado. E a porta pode ser aberta a qualquer instante, sem dor, sem sofrimento, bastando apenas a vontade do dono da chave. Caberá única e exclusivamente a ele utilizar essa chave e destrancar a porta.
Em nossa vida funciona mais ou menos assim. Iremos nos deparar com muitas pessoas e suas crenças limitantes, seus conceitos e preconceitos. Estes representam as camadas de cimento e barro que formam a grossa parede de tijolos. Todas essas pessoas possuem uma chave para abrir a porta que dá acesso ao outro lado. Cada uma, a seu tempo, terá a oportunidade de abri-la.
Ocorre que, muitas vezes, na ânsia de mostrarmos o que há do outro lado, utilizamos ferramentas muito poderosas para perfurar ou explodir uma parede de tijolos que na realidade não é a nossa. Queremos tanto que o outro enxergue as belezas que existem do outro lado, sendo que ele, no fundo, está profundamente apegado à parede que o mantém seguro e não tem qualquer interesse em qualquer coisa que possa existir além disso.
A grande lição que temos que aprender nesta situação é: paciência, compreensão, cuidado com as palavras e confiança. Confiança, sobretudo. Pois, se existir em nós a confiança de que o momento de cada um para conhecer a verdade chegará, não haverá porque acelerarmos os processos. Precisamos ter fé e compreender que a humanidade passa já por constantes momentos de despertar.
Cada uma das pessoas deste mundo está passando, dia após dia, por experiências diversas que as convidam a abrir a porta de sua parede, sem dor, sem sofrimento, para poderem enxergar o horizonte do outro lado. Cada uma do seu jeito, no seu tempo, através de inúmeros caminhos possíveis que a Infinita Inteligência sabe utilizar.
Isso é ter fé na humanidade. É acreditar que a revolta diante das falsas crenças não ajudará a eliminá-las. É acreditar que os arsenais que muitas vezes utilizamos para destruir os muros de crenças dos outros somente incitarão a revolta. Até porque esses arsenais destrutivos não são os verdadeiros instrumentos da Luz. A Luz trabalha através do amor, da compreensão, da paciência e da brandura. Tudo o mais que se utilize de arsenais destrutivos, como a palavra que machuca, a impaciência, a insistência desmedida, a intransigência e outras formas de se “pregar” a verdade, não são estratégias que respeitem o livre-arbítrio alheio.
Como semeadores do bem, plantemos boas sementes e deixemos que, no tempo certo, elas germinem nos corações de cada um. Tenhamos fé na humanidade.
Namastê!
Fernando Vidya
“De todos os conhecimentos possíveis, o mais sábio e útil é o conhecer a si mesmo”
(William Shakespeare)